Ex Ajudante de Pedreiro Sonha em Fazer História Jogando Com A Seleção Brasileira
"Paraíso, consegue um lugar no grupo de desenvolvimento e quer ir às Olimpíadas"
Houve um tempo em que o sonho de ganhar a vida como jogador de basquete e brilhar como LeBron James começou a parecer distante. Gemerson Barbosa morava em Lençóis, município com 11.000 habitantes no coração da Chapada Diamantina, se destacava no Campeonato Baiano, mas não tinha perspectivas de futuro no esporte. O pai passou a lhe ensinar o ofício de pedreiro e não demorou muito para que o ala de 1,98m estivesse trabalhando como seu ajudante. Carregava blocos, fazia cimento e rebocos de parede. Estava certo de que seguiria na profissão até que seu técnico entrou em contato com o treinador do time de São Sebastião do Paraíso e indicou o pupilo. Há um ano e meio, a cidadezinha mineira virou seu endereço e também o da seleção permanente sub-19 para a qual ele foi convocado. - Eu já era forte, mas fiquei ainda mais trabalhando nas obras com meu pai. Hoje eu me imagino defendendo o Brasil e, quem sabe, nas Olimpíadas - disse.Gemerson é econômico nas palavras. Não gosta de falar muito dele. Se define como um baiano mineiro, que gosta de Axé e Ivete Sangalo, mas que é quietinho. Prefere falar sobre LeBron, do estilo fora da quadra, dos fones gigantes que usa, das jogadas e da possibilidade que terá de conhecer a terra do ídolo durante um torneio nos Estados Unidos, marcado para meados de março.No tempo em que está em Minas, o "anfitrião" nunca tinha ido ao Cristo Redentor, um dos pontos turísticos da cidade no Morro do Baú. Na verdade, não costuma sair do centro. Conheceu o mirante juntamente com Luis Otavio Vieira, seu companheiro de quarto no hotel da seleção, e único representante do estado e de uma equipe do Rio no grupo. O armador de 1,97m, nascido em Italva, já tinha ido ao Cristo original, que é cartão postal da cidade onde mora, numa missão importante: uma missa rezada num momento delicado para o Fluminense.- Os atletas do clube foram convocados para a missa na época em que o time estava ameaçado de rebaixamento. Foi a primeira vez que estive lá. Agora estou nesse daqui. Estou feliz porque consegui uma das três vagas que estavam abertas. Eu estava na pré-seleção e era um desafio conseguir chegar a esse grupo. Vinte e dois tentaram e só três passaram - comemora Luis, que agora torce para que o Fluminense monte uma equipe adulta para não ter de procurar um time em outro estado.
Ex Ajudante de Pedreiro Sonha em Fazer História Jogando Com A Seleção Brasileira
"Paraíso, consegue um lugar no grupo de desenvolvimento e quer ir às Olimpíadas"
Houve um tempo em que o sonho de ganhar a vida como jogador de basquete e brilhar como LeBron James começou a parecer distante. Gemerson Barbosa morava em Lençóis, município com 11.000 habitantes no coração da Chapada Diamantina, se destacava no Campeonato Baiano, mas não tinha perspectivas de futuro no esporte. O pai passou a lhe ensinar o ofício de pedreiro e não demorou muito para que o ala de 1,98m estivesse trabalhando como seu ajudante. Carregava blocos, fazia cimento e rebocos de parede. Estava certo de que seguiria na profissão até que seu técnico entrou em contato com o treinador do time de São Sebastião do Paraíso e indicou o pupilo. Há um ano e meio, a cidadezinha mineira virou seu endereço e também o da seleção permanente sub-19 para a qual ele foi convocado.
- Eu já era forte, mas fiquei ainda mais trabalhando nas obras com meu pai. Hoje eu me imagino defendendo o Brasil e, quem sabe, nas Olimpíadas - disse.
Gemerson é econômico nas palavras. Não gosta de falar muito dele. Se define como um baiano mineiro, que gosta de Axé e Ivete Sangalo, mas que é quietinho. Prefere falar sobre LeBron, do estilo fora da quadra, dos fones gigantes que usa, das jogadas e da possibilidade que terá de conhecer a terra do ídolo durante um torneio nos Estados Unidos, marcado para meados de março.
No tempo em que está em Minas, o "anfitrião" nunca tinha ido ao Cristo Redentor, um dos pontos turísticos da cidade no Morro do Baú. Na verdade, não costuma sair do centro. Conheceu o mirante juntamente com Luis Otavio Vieira, seu companheiro de quarto no hotel da seleção, e único representante do estado e de uma equipe do Rio no grupo. O armador de 1,97m, nascido em Italva, já tinha ido ao Cristo original, que é cartão postal da cidade onde mora, numa missão importante: uma missa rezada num momento delicado para o Fluminense.
- Os atletas do clube foram convocados para a missa na época em que o time estava ameaçado de rebaixamento. Foi a primeira vez que estive lá. Agora estou nesse daqui. Estou feliz porque consegui uma das três vagas que estavam abertas. Eu estava na pré-seleção e era um desafio conseguir chegar a esse grupo. Vinte e dois tentaram e só três passaram - comemora Luis, que agora torce para que o Fluminense monte uma equipe adulta para não ter de procurar um time em outro estado.
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Surge um campeão nas quadras do Cerpv
O gosto pelo esporte começou com o futebol. Mas, a bola que se dava bem nos pés se deu melhor ainda nas mãos. Com o pé ele fazia tremer a rede do gol e com as mãos conseguia encaixar perfeitamente a bola no arco da cesta. O tamanho do menino o aproximava do alvo.
Quando conheceu o basquete nas aulas de Bero Bero, Leandro Bispo Lima nem ousava pensar que um dia o esporte mudaria completamente sua vida.
O projeto da escolinha de basquete de Bero Bero apresentou o esporte ao menino quando ele tinha apenas 12 anos. Durante a semana os jogos eram parte das aulas de educação física, mas o gosto pela brincadeira levava Leandro aos finais de semana e feriados de volta às quadras do Cerpv. Sua principal companhia era o irmão, mas também não ligava quando treinava só, “era bom, tinha a quadra só pra mim, vinha correndo com a bola e arremessava rumo a cesta”.
Com tanta dedicação, o talento foi rapidamente se aprimorando e aos 16 anos ele participou do seu primeiro Jogos Escolares, representando o time de Lençóis. Daí em diante, começou uma sucessão de campeonatos e de vitórias. Aos 18 anos ele começou a trabalhar na área de hotelaria, mas isso não impedia o encontro marcado com o basquete nas horas vagas. A paixão pelo esporte já era certa. Foi essa paixão e a dedicação de Leandro que o levaram a participar dos Jogos Abertos da Bahia. Na sua estréia, ele tirou de cara o segundo lugar no campeonato.
No ano seguinte, a representação do jovem lençoense nas quadras foi ainda melhor. Ele garantiu sua primeira vitória e foi campeão nos Jogos Abertos e aos 22 anos, Leandro ganhou o Campeonato do Interior, em Itaberaba. Tudo parecia ir muito bem, mas a sucessão de jogos foi diminuindo, o que em nenhum momento atrapalhou o ânimo do rapaz, afinal a paixão e o talento para o basquete eram evidentes.
Com tantos jogos e com tanta exposição nas quadras Leandro foi convidado para participar do time Falcon, da cidade de Serrinha, no interior da Bahia. A rotina era cansativa. Trabalhava durante a semana em Lençóis e toda quinta a noite seu destino era um só: rodoviária de Lençóis-Serrinha. Lá Leandro passava o final de semana em treinamento e participava dos campeonatos.
Foi no time de Serrinha que Leandro alcançou a vitória em seu primeiro Campeonato Baiano. Apesar de estar representando outra cidade, ele não se esquece que a origem de tudo foi nas quadras do Cerpv, nas aulas de Bero Bero, “esse foi e sempre será meu maior estímulo”. O ídolo de Leandro, como da maioria dos jogadores de basquete, é Michael Jordan.
O desempenho do rapaz nas quadras fez com que o basquete passasse a ser também uma profissão e Leandro passou a viver daquilo que mais gostava, ainda no time de Serrinha.
Em 2004, além de ganhar mais um título de campeão no campeonato baiano, Leandro alcançou o segundo lugar nos jogos baianos pela taça TVE.
Tantas vitórias, tanta dedicação e um susto. A mudança no quadro político com eleições municipais fez acabar o time de Serrinha e Leandro chegou a pensar que o sonho, então, tinha acabado.
De volta a Lençóis, Leandro passou a dar aulas no Cerpv no projeto de Bero Bero, onde tudo começou. Mas o time Falcon voltou a treinar e a representar Itaparica e Leandro novamente passou a integrar a equipe.
Desde o ano passado que Leandro mora em Salvador, pois foi convidado a jogar pelo time da FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciência). Os jogos e as vitórias não param de acontecer. Só do ano passado pra cá foram sete campeonatos disputados e seis vitórias. Ele nem sabe dizer quantas medalhas acumulou nessa jornada, mas sabe o valor de cada uma delas e o quanto de história carregam.
Agora ele atravessa outra etapa, passou no vestibular no final de 2006 e está cursando Educação Física na FTC.
O sonho não para nunca. Ele ainda quer ser campeão brasileiro. Nós de Lençóis, logicamente, damos a maior força.